sexta-feira, 18 de julho de 2008

Mais um texto afinal


“Em frente ao Vert-Galant, eu dominava a ilha. Sentia subir em mim um vasto sentimento de força, e, como direi?, de plenitude, que me dilatava o coração. Ergui a cabeça e ia acender um cigarro, o cigarro da satisfação, quando, no mesmo momento, estalou um riso atrás de mim. Surpreendido, voltei-me bruscamente: não havia ninguém. Virei-me para a ilha e de novo ouvi o riso pelas minhas costas, um pouco mais distante... Fiquei ali, imóvel. O riso diminuía, mas eu ouvia-o ainda distintamente por detrás de mim, vindo de parte nenhuma... este riso nada tinha de misterioso; era um riso bom, natural, quase amigável, que repunha as coisas no seu lugar... em casa, dirigi-me à casa de banho para beber um copo de água. A minha imagem sorria ao espelho, mas pareceu-me que o meu sorriso era dúbio... afinal, quem sou eu?”
A certa altura, um dia, na hora menos pensada, ouvimos o “grito”, aquele que vem de dentro de nós, aquele que nos chama à razão...

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