domingo, 13 de julho de 2008

O QUE VIRGÍNIA ME ENSINOU



Que a mente de um escritor deve ser desimpedida o suficiente para fazê-lo escrever de forma natural, criativa e incandescente sobre a realidade de um ser humano seja ele homem ou mulher;

Que o dom ou ofício da escrita deve contar com a pureza (da transmissão da realidade) como elemento primordial de sua composição;


Que tal pureza na literatura é tão escassa quanto a pureza dos bons princípios, da ética, e da gentileza em nosso dia-a-dia;

Que as mulheres de seu tempo estavam frustradas e enfurecidas demais para transmitirem pureza na (até então) escassa experiência feminina na arte de escrever; e que os homens, por sua vez, estavam (ainda estão) obcecados pela palavra “Eu”, por isso afogaram seus escritos num fluxo de autoconsciência carregado de indecência, de machismo, de virilidade... De testosterona;

Que o quadro social de sua época fechou as portas para a genialidade ao sugerir de forma nada sutil que os escritores adotassem uma postura na guerra dos sexos, o que levou homens e mulheres talentosos a desperdiçarem tempo discutindo ou rabiscando sobre a superioridade e inferioridade dos gêneros;

Que é preciso lutar pela conquista e pelo reconhecimento de obras geniais;

Que a genialidade existe à serviço da realidade, e que, por isso, deve apresentá-la da forma mais pura possível;

Que o escritor deve expressar o gênio que existe dentro dele e não expressar a si mesmo;

Que a alma deve iluminar a genialidade de um escritor, mas um escritor não deve permitir que sua alma entre no caminho a ponto de comprometer a realidade das coisas, das pessoas, do mundo;

Que para a literatura imortal o que o escritor tem a dizer é importante, mas o escritor em si e por si só, não o é.

Nenhum comentário: